Resistência – A história de uma mulher que desafiou Hitler, como o próprio título já sugere, conta a saga de uma mulher e seus companheiros que participaram ativamente de um grupo contra o mais cruel ditador da História. A obra consiste em um diário minucioso de Agnés Humbert sobre os dias mais intensos vivenciados pela historiadora de arte e etnógrafa.
Nascida em 1894, em Dieppe, França, Agnés trabalhava no Museu Nacional de Artes e Tradições Populares, em Paris, quando seu país foi invadido pelos soldados do Terceiro Reich. Indignada com a ocupação e com as atrocidades cometidas por Adolf Hitler, ela põe para fora toda a coragem possível que a alimenta e se junta com antigos amigos para criar seu próprio grupo de resistência. Idênticos em pensamentos e ideais, tais amigos tornaram-se símbolos do primeiro e talvez do mais significativo movimento da França na Segunda Guerra Mundial.
Em se tratando da história do grupo, o que torna essas pessoas tão significativas é a magnitude de suas personalidades, de sua força de vontade. Todos os membros tinham plena consciência de que um dia seriam descobertos por suas ações ousadas e descaradas, e continuaram seu “trabalho”, tendo sempre em vista a libertação de seu amado país. O forte nacionalismo presente em cada um moveu suas ações do começo ao fim, e, por serem pessoas imensamente cultas e bem relacionadas, sua proposta não tardou a se espalhar como fogo em um rastro de pólvora por todo o país.
Desafortunadamente, um traidor infiltrado em seu grupo fez com que a maioria de seus companheiros fossem presos e severamente punidos. Entretanto, o que essas prisões e mortes não conseguiram destruir foram sentimentos de revolta e de sede de mudança, ideias essas já dissimuladas pelos jornais montados e distribuídos pelo grupo.
Entretanto, de tantas admiráveis ações relatadas no livro citado, a mais significativa, sem sombra de dúvidas, remete à própria autora. Estando presa por diversos meses na França antes de ser condenada a cinco anos de trabalhos forçados na Alemanha, Agnés não se deixou sucumbir pelos constantes maus-tratos que sofria ao longo de todas as prisões pelas quais passava, à exceção de um ou dois casos, já trabalhando como escrava, quando ela acreditou que seu corpo não mais tinha forças para continuar. Mesmo com todas as dificuldades, Agnés conseguiu escrever ou memorizar, para posteriormente colocar no papel, suas impressões de tudo ao seu redor. Sua precisão perfeccionista, seu tom irônico e ao mesmo tempo apaixonado pelo que fazia, sua incessante força de vontade e a maneira com a qual ela lidou com seus martírios por quatro anos, quando foi libertada pelos americanos, levam o livro a ser simplesmente surpreendente. Afora isso, a forma despudorada com que ela escreve sobre tudo de podre que acontecia no regime nazista, além do fato de ela ignorar o sentimento de medo, só podem provar que Agnés Humbert foi, de fato, uma das mulheres mais corajosas e fortes da humanidade.
Morreu em 1963, devidamente condecorada com uma medalha de Guerra pelo heroísmo vivenciado. É extremamente satisfatória a leitura de uma obra desse quilate, uma vez que sagacidade, inteligência e força feminina são somadas brilhantemente.
Beijos,
Luminosidade.
O FREELANCER – Editorial
Há 7 anos