quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Inspirações.

E sonhava em cruzar sua realidade com a mais branda das utopias...


Abafava. Não a sua gargalhada esporádica, raríssima, até, reação arrancada das tristes estripulias de seus amigos. Não amigos como os que conhecemos, mas amigos que compartilham do mesmo sofrimento, sofrimento este como único sentimento saboreado.
Abafava. Não o cheiro de fumaça, de lixo jogado na calçada, calçada cujo chão de cimento batido e desgastado compunha seu lugar nas noites.
Abafava. Não o cheiro da cola que pairava no ar vinte e quatro horas por dia, cola que servia como alimento, ao amenizar a fome nunca saciada.
Abafava. Agora, sim, seu choro, sua tristeza pela inevitável submissão que sofria, pelo destino indiscutível.
Abafava. Abafava com dor e com ódio aquele grito que deveria dissipar seu martírio, grito que nunca pôde dar.


Sabia ela o motivo de seus sentimentos tão contraditórios?
Não. Simplesmente não conseguia compreender, não enxergava a dimensão daquelas injustiças, dos olhares tortos e enojados que recebia.


Apenas sonhava. Deveria existir algo melhor. E perdia sua inocência. Aos poucos, cada vez mais rápido. Deveria existir algo melhor. Quero algo melhor. Alguém me ofereça algo melhor!


E, de manhã, intercalava seus pedidos aos passantes com as brincadeiras com sua boneca em frangalhos. E, de noite, intercalava sua cola e seu fumo com a violência dos homens sem escrúpulos.


Não só dos homens. Da sociedade sem escrúpulos.
Clamava pela compreensão, pela compreensão do seu psicológico conturbado e ignorado.


E sonhava em cruzar sua realidade com a mais branda das utopias...








Luminosidade.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Reforma ortográfica.

Boa noite, amigos!


Em meio a uma tempestade formada por mundanças diárias de galho para galho e por uma gripe iminente, lembrei-me que tenho um blog e que gosto de escrever nesse tal singelo espaço. Entendam como quiserem.
Enfim, o que me traz aqui hoje é a vontade de reclamar da reforma ortográfica recente. Como eu a julgo inútil, Santo Pai! Sinto-me revoltada, estou detestando isso. Simplesmente por dois motivos que explicarei da mais breve forma possível.
Primeiro, demorarei bastante para aprender todas as novas regras. E todos os anos que passei estudando as antigas? Quase que desperdiçados, não fossem as que ainda vigorarão.
Segundo, (como eu tenho ódio dessas malditas, quase não consigo escrever o porquê da minha revolta!) algumas dessas novas regras vão fazer o favor de deixar de diferenciar quem sabe de quem não sabe escrever! Ou seja, misturar-se-ão estúpidos e desinteressados com estudiosos e bons usuários da língua portuguesa! Revoltante!
Sabem o que é pior? A extinção do acento diferencial em alguns casos, por exemplo, eu já sei que vai ser necessária, mas, mesmo sabendo disso, eu não sei se escrevo com ou sem eles, já que eu também não tenho como saber se o meu leitor sabe da nova regra e se ele vai achar que eu não sei usar o acento diferencial! Deu para entender?
Que seja!
Acredito que essa unificação da gramática dos países que falam português é conversa para boi dormir e para fazer-nos de idiotas.
Defendo que a língua é mais uma forma de expressão de cultura, e as mudanças ocorridas nos países, especialmente os colonizados, fazem parte dessa formação cultural!
Apenas fico triste. Muito triste. Todo mundo vai escrever quase que em um mesmo nível. E minha carreira de jornalista pode estar em perigo!
(Pausa para o drama).
O que posso desejar são pêsames para aqueles que ainda prezam pela boa escrita, e parabéns aos que conquistaram equiparidade com os bons nessa arte, sem esforço algum! Incrível!
Rá.
Soube que temos até 2012 para nos adaptar, espero conseguir até lá.

Última lamentação: como eu estimava os acentos diferenciais, Deus...
É isso (extraia metade do exagero deste post e estará próximo à realidade dos fatos).

Boa noite.
Luminosidade.